Em 2025, a KKPoker anunciou o retorno de sua promoção de sucesso Vegas Dream para o terceiro ano consecutivo. A campanha oferece à nossa comunidade de poker online a chance de conquistar um pacote de US$12.000 para disputar o torneio mais prestigiado do mundo: o Main Event de US$10.000 em Las Vegas.

Entre os vencedores estava o canadense Christopher Alcindor, que conseguiu o feito impressionante de conquistar o pacote em dois anos seguidos, após também se classificar para o KK Elite Team em 2024.

No Main Event ao vivo de 2024, Chris protagonizou uma mão viral de Ás-Rei contra Áses ona mesa televisionada. Apesar do esforço, ele não chegou a alcançar a premiação. Já em 2025, uma nova oportunidade surgiu – e desta vez, o objetivo foi alcançado.

Foram cinco dias consecutivos de muita ação no poker ao vivo, que resultaram em uma colocação de 499º lugar entre 9.735 inscritos, garantindo a Chris um prêmio de US$32.500.

A KKPoker conversou com Chris para saber mais sobre sua experiência, suas mãos mais memoráveis e como foi a jornada ao lado dos demais classificados do Vegas Dream, enfrentando juntos o maior evento de poker do planeta.

“TOP 5% EM UM FIELD DE CLASSE MUNDIAL”

Chris, parabéns pelo prêmio de US$32.500! Esse foi seu segundo ano consecutivo como vencedor do KKPoker Vegas Dream. Quais são suas impressões gerais sobre sua performance neste ano?

“Gostei muito da forma como consegui me manter calmo e centrado durante todo o torneio deste ano.

Tive um começo um pouco instável no Dia 1, caindo de 60K para 35K em fichas, mas não entrei em pânico. Continuei confiante e mantive o plano. Aos poucos, consegui me recuperar jogando meu jogo e terminei os Dias 1, 2 e 3 com um stack bem acima da média, o que me permitiu ter mais liberdade para manobrar e avançar para estágios mais profundos do torneio.

“No Dia 4, depois de ter que trocar de mesa e me readaptar várias vezes durante o Dia 3, acabei começando em uma mesa que não era das melhores, já que eu estava entre os menores stacks contra jogadores bastante competentes — mesmo ainda estando acima da média. Além disso, eu tinha uma posição bem complicada contra um dos 20 maiores stacks do torneio, que estava logo à minha esquerda. Ainda assim, acho que me saí bem, considerando as circunstâncias, e consegui sobreviver ao dia levando apenas cerca de 10 big blinds para o Dia 5.”

Na sua entrevista pré-Vegas, você admitiu que o nervosismo influenciou seu jogo em 2024. Seu objetivo para 2025 era jogar mais próximo do seu estilo habitual e usar todo o seu arsenal de ferramentas e estratégias. Você acredita que conseguiu isso?

“Consegui jogar no meu estilo agressivo e solto de sempre, colocar os adversários em situações difíceis nos momentos certos, fazer boas leituras e, na maior parte do tempo, evitar problemas. No fim das contas, acumulei bastante experiência, terminei entre os 5% melhores em um field de classe mundial e ainda voltei para casa com um prêmio em dinheiro bem decente, então realmente não tenho do que reclamar. Estou muito satisfeito com a forma como joguei este ano!”

Exemplo de mãos em que assumi riscos calculados

Mão do Dia 2: Q♦ 9♦ (MP) – Blinds 1K/1.5K ante 1.5K

• Abro para 3K, LJ dá 3-bet para 9K, eu pago. Heads-up.
• (Pote 22K) FLOP [K♦ J♥ 7♥] – dou check, ele aposta 7K, eu pago.
• (Pote 36K) TURN [5♦] – check, ele aposta 28K, eu pago.
• (Pote 92K) RIVER [T♦] – penso bastante e coloco ele all-in por mais 64K (cobrimos). Ele paga rápido mostrando K♥ K♣. Eu ganho um pote de ~220K com flush runner runner.

“Nessa mão eu sabia que estava enfrentando, muito provavelmente, o topo do range do meu oponente (AA, KK, QQ, AQ+) já que, durante boa parte do dia, ele vinha evitando jogar potes grandes contra mim. Pela forma como a mão se desenvolveu, eu tinha quase certeza de que conseguiria levar todas as fichas dele se realizasse minha equidade — e ainda considerei a possibilidade de blefar caso viesse um coração no river.

No fim, o T♦ no river foi uma carta excelente para mim, porque não era de copas (o que poderia preocupar meu adversário), e ainda podia parecer que eu estava tentando representar o flush de copas falhado para, na verdade, ter o de ouros. Além disso, essa carta melhora mãos como AQo/AQs que meu oponente ainda poderia ter. A não ser que ele tivesse especificamente A♦ K♦, eu deveria estar ganhando quase sempre. Acabei tendo sorte e levei um pote enorme de ~145BBs, o que me deixou em uma posição muito confortável e aumentou bastante minhas chances de avançar fundo no torneio.”

Mão do Dia 4 – Usando posição, vantagem de range e imagem na mesa

A♠ Q♦ (UTG) – Stack 650K, blinds 6K/12K/12K

• Abro para 27K, SB paga. Heads-up.
• (Pote 78K) FLOP [K♠ J♦ 7♣] – Oponente dá check, aposto 36K, ele paga.
• (Pote 150K) TURN [3♦] – Oponente dá check, aposto 114K, ele folda.

“Aqui, ao executar bem o plano, consigo fazer com que a maioria das mãos do range do meu oponente desista nesse board e ainda levo um pote decente, continuando a acumular fichas. É muito difícil para ele seguir com mãos de apenas um par, como KTs, K9s ou Jx sem ouros. Até pares médios como 88–TT podem largar nessa situação, além de negar a equidade de mãos como QTs, T9s, 98s e similares.”

Na sua preparação, você mencionou sessões de estudo com amigos e também a análise de tendências de jogadores. O que exatamente você estudou e como foi esse processo?

“No fim das contas, a preparação que fiz acabou sendo um pouco mais genérica do que eu tinha planejado, mas foi exatamente o que eu precisava para me livrar do excesso de pensamentos e da hesitação. Basicamente, fiz alguns exercícios online e revisitei erros cometidos em potes importantes no passado. Isso me permitiu dar mais fluidez ao meu jogo e manter a confiança mesmo em situações complicadas.”

Conte para nós sobre 1 ou 2 mãos que ainda passam pela sua cabeça.

“Em uma mão específica, acho que consegui extrair o valor máximo contra um jogador que considerei recreativo, o que me ajudou bastante a me recuperar depois de perder uma boa parte do meu stack com KK contra um short stack que segurava AA no Dia 2.

Mão do Dia 2 – Extraindo valor máximo de uma mão fraca

A♥ 5♥ (BU) – Stack 186K, blinds 600/1.200 ante 1.200

(Pote 106K) RIVER [8♦] – BB aposta 50K, ficando com cerca de 70K para trás. Eu coloco all-in e cubro. Ele folda e pergunta se eu tinha QQ. Levo um pote de 206K (~172BBs).

MP abre para 2,5K, eu pago, SB paga, BB dá 3-bet para apenas 6K. Todos pagamos. 4-way para o flop.

(Pote 25,2K) FLOP [2♥ 4♥ Q♣] – BB aposta 15,4K, MP folda, eu pago, SB folda.

(Pote 56K) TURN [3♠] – BB aposta 25K, eu pago.

“Nessa mão, achei que o tamanho da 3-bet feita pelo BB, fora de posição contra três jogadores, não fazia sentido algum. Ele sabia que o pote já estava aberto e que havia recebido alguns calls, então quando ele escolhe um size tão pequeno nessa situação, dificilmente representa uma mão do topo do range. Também vale destacar que esse jogador já havia aberto 4x e 5x em posições iniciais com mãos como KK e JJ. No fim, ele admitiu não ter muito e disse que tinha A8s (o que pode até ter sido blefe).”

“Dada a minha posição nessa mão, fico feliz de não ter 3-betado, pois isso me permitiu manter os jogadores mais fracos nos blinds e evitar me isolar contra o raiser original, que era um jogador muito mais agressivo e calculista. Eu também optei por não aumentar meu monster draw no flop para manter flexibilidade, já que o pote era multiway e, ao mesmo tempo, considerei o range mais fraco do BB contra o qual eu achava que estava jogando. Apenas pagar flop e turn me permitiu extrair mais 50K no river, que talvez eu não conseguisse de outra forma — e ainda tive a chance de ganhar todo o resto, claro. Essa foi realmente uma mão chave para mim no Dia 2.”

Mão do Dia 4 – Chegando fundo enquanto evito o desastre

Isso aconteceu nos últimos 30 minutos do Dia 4. Tinha sido um dia bem difícil para mim, mas já estava quase acabando e eu só pensava em resetar e voltar renovado para o Dia 5.

K♠ Q♦ (UTG) – Stack 495K, blinds 10K/20K, ante 20K

• Dou limp, a mesa roda em fold até o SB, que aumenta para 60K (stack 1.3M). Eu pago. Heads-up.
• (Pote 160K) FLOP [Q♥ 4♠ 5♦] – Ele aposta 40K, eu pago.
• (Pote 240K) TURN [T♠] – Ele dá check, eu penso e aposto 70K. Ele paga.
• (Pote 380K) RIVER [6♥] – Ele dá check de novo. O que fazer?

“Normalmente, nessa situação, eu empurraria all-in e esperaria ser pago por mãos mais fracas com bastante frequência. Mas dessa vez foi diferente. O SB era um regular competente, com um stack grande, e o jogador do BB tinha cerca de 30BBs no pré-flop. Desde o início, achei suspeito ele ter aumentado ‘apenas’ para 3BBs do SB, ao invés de 3.5BBs–5.5BBs.

Depois, no flop, ele escolheu um size pequeno, quando geralmente iria para uma aposta maior no turn, algo como 65–80% do pote. Porém, quando o [T♠] trouxe vários draws possíveis, ele resolveu dar check. Então considerei apostar pequeno no turn para extrair valor de mãos como JJ, AK, AJ, Tx, 88–99 e ainda ter a opção de dar check no river.

Só que, quando ele pagou no turn e voltou a dar check no river, sem demonstrar nenhuma intenção de blefar, algo simplesmente pareceu errado… Eu fiquei brincando com minhas fichas, contando e empilhando como se fosse empurrar tudo. Esse jogador, que sempre fazia contato visual em situações parecidas, agora desviava o olhar — o que era bem atípico. Tudo isso me fez acreditar que tinha algo errado: ele estava me dando espaço demais para agir, e eu tinha certeza de que estava armado com um monstro. Fora um possível combo de QQ, só conseguia colocar ele em AA, o que fazia todo sentido com a ação pré-flop e a forma como a mão se desenrolou.

No fim, anunciei check behind, mesmo sabendo que teoricamente minha mão deveria ir all-in aqui. Oponente mostrou AA e fiquei extremamente feliz e aliviado de não ter me eliminado nessa jogada. Dei um tapinha nas costas em mim mesmo e até comemorei com um fist pump discreto. Mostrei minha Q e percebi a decepção no rosto dele ao notar que deixou passar muito valor e que eu escapei da armadilha. Poucas mãos depois, eu já estava empacotando as fichas para o Dia 5 com a sensação de que, dali em diante, eu estava freerollando o torneio inteiro — afinal, eu realmente deveria ter sido eliminado nessa mão.”

“O ESPÍRITO COLETIVO DO TIME”

Como você lidou com os níveis de 2 horas e a maratona de jogo ao longo de vários dias?

“Os níveis de duas horas são simplesmente excelentes e favorecem uma abordagem estratégica mais calma e pensada. Você tem tempo para esperar por boas mãos enquanto observa bastante os jogadores da mesa e como eles se comportam em diferentes situações. Isso também compensa o fato de jogarmos naturalmente menos mãos no ao vivo do que no online. Quanto ao ritmo contínuo de dias seguidos, consegui me manter disciplinado e ainda ter boas noites de sono, mesmo com a adrenalina e a empolgação me deixando acordado pensando por um tempo toda noite, haha.

Percebi que alguns jogadores ficavam cansados no fim do dia e cometiam pequenos erros. Às vezes não notavam um open ou confundiam cartas e naipes — algo importante de se ter em mente quando se joga sessões longas por vários dias seguidos e por tanto dinheiro.”

Teve alguma história engraçada, curiosa ou outro momento que queira compartilhar?

“Algumas horas depois do Dia 2, descobri que começaria o Dia 3 na mesma mesa que a lenda Jennifer Harman, a campeã do PCA Maria Lampropulos e, nada mais nada menos, que o também quebequense Jean-François “Jhope” Alexandre, meu amigo que inclusive faz parte do meu clube na KKPoker! Considerando o tamanho gigantesco do field e a quantidade de mesas, quais eram as chances de a gente cair junto? Foi muito divertido quando nos mandamos mensagem sobre isso!

No fim, jogamos juntos por uns 30 a 45 minutos antes de mudarem a gente de mesa — o que até foi bom…”

Você passou bastante tempo com os outros vencedores do Vegas Dream. Inclusive, compartilhou um voo inesperado com o também canadense Marco Dickner. Conte para nós sobre essa experiência e o espírito de equipe.

“Cheguei em Vegas no dia 2 de julho para jogar o Main Event logo em seguida. Já durante o embarque, encontrei três outros jogadores canadenses de poker, troquei uma conversa rápida com eles, desejei boa sorte e fui para o meu assento. Pouco depois, um casal se sentou ao meu lado e eu senti que conhecia o homem de algum lugar. Fiquei pensando e lembrei que um dos classificados também estava voando no dia 2, então pensei: ‘Esse deve ser o Marco, haha, vou perguntar.’ Perguntei, e ele confirmou, comentando que já tinha me visto antes com o boné e o moletom da KKPoker, mas não tinha certeza de quem eu era. Rimos bastante porque foi uma coincidência única estarmos lado a lado. Conversamos durante o voo e já criamos uma conexão, colocando uma energia muito positiva para o resto da viagem.

O espírito coletivo foi tão forte que, quando finalmente reunimos o time KK Elite em Vegas, parecia que estávamos todos juntos como uma grande família, ajudando e apoiando uns aos outros. Tivemos um jantar de integração com todos os classificados, onde pudemos nos apresentar e conhecer melhor cada um em um nível mais pessoal.

Sabe, ter um time por trás de você em uma ocasião como essa realmente ajuda a manter a mente limpa e focada para encarar a jornada épica do Main Event. Também criamos um grupo no qual compartilhávamos novidades, atualizávamos nosso status e dávamos conselhos durante todo o torneio. Lembro até de conversar sobre estratégia de short stack e sobre como lidar com a bolha com o Marco, depois do Dia 3. Acho que todos curtiram muito a experiência e se saíram bem, levando tudo em consideração. Boas lembranças, sem dúvida!”

“SEM DÚVIDA, O SONHO DE TODO JOGADOR DE POKER”

Que conselho você daria para jogadores que querem conquistar um pacote Vegas Dream 2026 na KKPoker?

“Olha pessoal, não quero dizer a ninguém o que fazer, mas me classifiquei para o Main Event de US$10K em dois anos consecutivos, então pelo menos posso compartilhar o que eu vou fazer. A primeira coisa é pegar o cronograma completo dos satélites que dão pacotes do KKPoker Vegas Dream. Anotem na agenda e garantam que terão tempo reservado para jogar esses torneios. A segunda é prestar atenção especial nos satélites Step de US$20.

O objetivo é jogar o máximo de satélites possível, terminar entre os dois primeiros (ou campeão, quando necessário) e acumular tickets de maior valor. Fazendo isso, garantimos o maior número possível de oportunidades para jogar o nosso melhor, sem focar tanto no custo total, mas sim na tão sonhada forra do Vegas Dream — que pode transformar um pequeno investimento em uma jornada épica no Main Event e em um belo prêmio em dinheiro!”

Você tem algum pensamento final sobre essa experiência? E quais são seus próximos planos com a KKPoker e no poker em geral?

“Minhas considerações finais sobre essa experiência são que percebi o quanto evoluí desde o ano passado — e tudo isso só foi possível graças à KKPoker. Jogar o Main Event é, sem dúvida, o sonho de muitos jogadores de poker, e transformar esse sonho em realidade é uma sensação verdadeiramente única. Isso supera qualquer história de bad beat que alguém possa contar.

Vale muito a pena definir objetivos e trabalhar de forma consistente em cada pequeno detalhe necessário para alcançar o destino final — e é justamente esse processo que realmente transforma alguém para melhor!

De agora em diante, pretendo jogar ainda mais satélites para todos os grandes eventos no Canadá, já que a KKPoker vem fazendo um trabalho incrível ao oferecer tantas oportunidades nesse sentido. Além disso, quero continuar expandindo a rede de pessoas incríveis que conheço todos os dias enquanto faço o que amo.”